20090121



devo um muito obrigada a Jaime Isidoro.







"Fui um jovem privilegiado. Aos 24 anos, o Museu de Arte Contemporânea de Lisboa adquiriu-me um quadro e o Museu Nacional de Soares dos Reis, outro. Nesse ano de 1948, obtive o Prémio "Rocha Cabral" da Academia Nacional de Belas-Artes de Lisboa. Em 1950 conheci Vieira da Silva e Arpad Szenes e fizemos longa amizade. Visitava-os sempre que ía a Paris, e tantas vezes os vi pintar.
Relacionei-me, entre outros artistas, com Almada Negreiros, Antóno Soares, António Cruz, Portinari, Saura, Tàpies, Lúcio Muñoz, Canogar, Eugénio Ionesco, Robert Filliou e Serge III.

(...)
Conheci pessoalmente Beuys, como se sabe dos mais importantes artistas da segunda metade do século XX, que me ofereceu um catálogo autografado. A sua obra levou-me a entender que a arte não é o tema, mas sim o homem e, em princípio, revolução. A pintura passou a resumir-se na procura da minha própria expressão: é a minha vida, intensamente vivida, que me motiva a um percurso experimental e criativo durante longos anos, numa luta de incertezas, dúvidas e indecisões para encontrar a verdade, o senso universal. A ambição de ser artista."

Jaime Isidoro






(...)A arte é uma das manifestações mais transcendentes do espírito, não se limita a convenções ilustrativas. É através da arte que se poderá desbravar o desconhecido na medida em que a sua definição ainda é um mistério.(...)

(...)Uma vida inteira a querer saber o que é a arte. Uma vida inteira a viver entre dúvidas e incertezas, entre conceitos convencionais que de tempos a tempos se foram alterando.
Este dinamismo da vida e da criação artística sempre me entusiasmaram, a ponto de me servir das obras de outros artistas para interferir esteticamente, a partir dos anos 50, na evolução da arte em Portugal, tendo como ponto de partida a criação da Galeria Alvarez (1954) e a de outras actividades culturais, estimulando as vanguardas que surgiram nesta segunda metade do século XX.
Um trabalho positivo, de grande entusiasmo que talvez tivesse privado ou não a
natural evolução da minha obra.
Mesmo assim, subordinei a minha vida à pintura. A insatisfação é a minha maneira de estar, vivida entre a objectividade e a subjectividade, sempre em busca da expressão que satisfaz, na diversidade da linguagem, formas ou técnicas.

O meu caminho foi sempre o de ir ao meu encontro.


Jaime Isidoro. Confesiones
In catálogo a exposiçâo individual na Galería Por Amor á Arte
Porto, 1999




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