20081022

pedacinhos de Zumthor.

como eu havia anunciado aqui.






ana vaz milheiro diz

Na generalidade, os arquitectos portugueses dedicam a Peter Zumthor uma atenção muito particular por nele pressentirem um apego pelas formas depuradas e uma contenção no uso das “matérias” arquitectónicas. É o que também explica o sucesso que os seus livros alcançam entre nós e que se deve igualmente a uma certa
deformação teórica que inscreve a escrita da arquitectura entre o foro “fenomenológico” e o estilismo “poético”.

materiais / texturas
(...) a sua atracção pela plasticidade textural dos materiais de construção deve-se ao facto de ser filho de um “artesão de mobiliário”, na verdade, um ebanista, confirmando uma inclinação artesanal que se adequa bem ao seu perfil de arquitecto minucioso, atento ao detalhe.

(...)
Nele refere a sobrevivência de uma prática arts and crafts, expressa através de um carácter intuitivo e sensorial: “Realizar formas precisas e sólidos encaixes, colocava-me num estado de concentração e os móveis novos já acabados difundiam um frescor especial ao meu redor” (Zumthor, 2004, 1994: 43).

Esta prática reflecte-se em materiais cujo manuseamento artesanal é menos óbvio, como o betão. Na capela Saint Bruder-Klaus, Mechernich, Alemanha, de 2007, conduz o processo a níveis experimentais máximos. Talvez seja por isso que esta obra mais recente é também aquela que menos reproduz uma experiência arquitectónica e que mais se dilui numa experiência artística.

imortalidade
Note-se, ainda, a ligação por vezes tentada com Louis Kahn. A remissão de Kahn para os “inícios” faz-se num sentido primitivista que lhe possibilita construir formas viscerais; já Zumthor, não obstante a carga emocional que coloca nas suas descrições, apela a uma consciência histórica: as suas formas são “cultas”.

Os edifícios de Zumthor oferecem portanto uma experiência que tem estado arredada da prática contemporânea: trata-se de vivenciar a imortalidade.













(...) deslumbrada, disse adeus ao génio Zumthor!



(...) e uma olá às cores de fim de tarde, nas ruas de Lisboa!








a noite acabou bonita!