reabilitação da rua Miguel Bombarda
A ideia foi discutida, sob a égide do Circulo Cultural da Miguel Bombarda, analisada, viabilizada sobre a forma de projecto pela GOP-EM Empresa Municipal de Gestão de Obras Públicas e que, agora vai ser construído pela Autarquia da nossa Cidade do Porto.
Trata-se de um projecto verdadeiramente original, pois o objectivo é a transformação e reabilitação de ruas do Porto, vocacionando-as para a divulgação de arte e da cultura.
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São ruas tranquilas, artérias sem pressão automobilística e que, no caso da rua Miguel Bombarda, esta poderia facilmente adquirir características pedonais. A Miguel Bombarda e a Boa Nova possuem ainda algumas características bucólicas. Embora a qualidade arquitectónica, no seu conjunto, não seja muito elevada, com construções de média e baixa altura e não muito adulteradas, a Rua Miguel Bombarda permite fazer um percurso que, se liga aos Caminhos do Romântico e ao próprio Palácio de Cristal.
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A Rua das Galerias...?
Não só as galerias vão beneficiar com o projecto, também há livrarias, restaurantes, lojas alternativas, de moda e ateliers de artista na zona envolvente que muito beneficiarão com este projecto. A rua que entretanto gerou uma vida nova na envolvência, gerou também expectativas que importa não defraudar. As pessoas aderiram á zona na expectativa que esta lhes dê uma contribuição de qualidade que essa reunião de actividades artísticas trouxe a este espaço da cidade e que este projecto agora transformado em obra permitirá concretizar. Como o número de galerias tem aumentado incessantemente na zona, sempre por iniciativa dos comerciantes, que elaboram programas de inauguração e animação conjuntos, cada vez mais ambiciosos, já com a participação da autarquia, a densidade de arte e dos seus autores e admiradores torna-se notória.
Entretanto, com a implementação deste projecto e obra, pretende-se que a rua não perca os moradores residenciais, antigos e novos, com comércio tradicional, incluindo restauração, garantindo que a zona se mantenha viva e segura a qualquer hora do dia ou da noite.
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O facto de a rua ser ligeiramente inclinada ajuda, quer num sentido, quer noutro, a perceber a continuidade. Este projecto garante que o peão passe a circular livremente, permitindo todavia que o automóvel prioritário ou de residente da rua circule numa faixa restrita mas perfeitamente perceptível. O mobiliário urbano é muito simples, facilitando momentos de pausa durante um percurso. Deste modo, independentemente das visitas às lojas ou do simples espreitar das montras, durante os momentos de pausa, percepciona-se a intervenção de arte na própria rua. As duas ruas têm um novo remate, com leitura de praça. O entroncamento existente depois da intervenção dará lugar a um enquadramento de praça. A Rua estará sempre ao mesmo nível: quem vem do Palácio sobe um pequeno desnível, para se colocar à cota original do passeio.
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Se a rua é para utilização de peões, então vamos confrontá-los distraidamente com algumas situações interessantes. Ao longo do percurso, independentemente das visitas às galerias ou do simples espreitar das montras, foi necessário criar momentos de pausa, com intervenção de arte na própria rua do consagrado artista, já portuense, Ângelo de Sousa. Assim, haverá sete desenhos constituídos por placas de betão pigmentado de 12x12x8 cm para o pavimento, uma espécie de tapeçaria em betão colorido, que é durável e permite utilizar cor, dentro de uma gama restrita sem utilizar azuis, verdes. As cores serão os ocres, os amarelos, o preto, os cinzas.
O Ângelo de Sousa foi mais longe e criou uma série de caras, que serão esculpidas em granito. As caras ficam à superfície, mas têm um baixo relevo, sem contudo poder provocar tropeções ou outra coisa do género. A ideia do Ângelo é, precisamente, a subtileza. Uma pessoa vai a andar e, de repente, vê uma cara (caras muito simples – sobrancelhas, olhos, nariz e boca –, mas com diferentes expressões).
Porto, 2008
Filipe Oliveira Dias
Arquitecto
filipe oliveira dias projecto
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