20080417

ana holck


Rotatória. Aço, esquadrias de alumínio e policarbonato alveolar.
Solar Grandjean de Montigny, 2003

"As obras de Ana Holck duplicam o espaço. E isso vale para dois dos sentidos do verbo “duplicar”. Introduzem mais espaço onde já havia espaço. Nesse primeiro sentido, a duplicação parece paradoxal. Como é possível aumentar as dimensões de um determinado espaço? Não é a quantidade de espaço, porém, que suas obras ampliam, mas algumas de suas qualidades sensíveis, alguns de seus atributos estéticos. É assim que a uma sala redonda do Solar Grandjean de Montigny na PUC do Rio, a artista acrescentou, em 2003, uma porta giratória apoiada no centro da sala e dividindo a sala em três partes iguais. Para percorrer o espaço circular do lugar, o espectador se vê, assim, obrigado a empurrar a porta percorrendo um trajeto também circular. A um círculo estático, a obra acrescenta uma circulação dinâmica. A duplicação é, então, imitação: um predicado da obra – circular – vem assemelhar-se a um predicado de um espaço já existente – seu aspecto redondo."


Centro de Arte Contemporânea, 2000. TFG FAU-UFRJ.
Prêmio Paviflex 2001 e Prêmio Arquiteto de Amanhã 2000



"A índole mimética das obras de Ana Holck deve ser examinada, porém, com cuidado. No início há sempre espaços e coisas já existentes e independentes da obra que vem com eles dialogar. São predicados de um espaço concreto, já configurado, que a obra mimetiza. A imitação torna atual e confere um novo vigor, deste modo, àquilo que já existia em potência. Sem um espaço já dado, a obra perderia suas amarras. Daí que no seu trabalho final de graduação em arquitetura, de 2000, o projeto arquitetônico de um museu encontre seu partido na explosão inicial de uma pedra. A disposição resultante dos fragmentos de pedra aparece como fio condutor para os edifícios futuros. Uma pedra assemelha-se a outra e, conforme ficarão dispostas, também as posições que ocuparão se mimetizam: o alto e o baixo, o esquerdo e o direito, o adiante e o atrás. Para não partir de um espaço abstrato, o projeto constrói, primeiro, um lugar concreto. O imitado, nas obras de Ana Holck, não é nunca, assim, algo figurado. São coisas que existem antes da obra e que continuarão a existir como singularidades concretas também quando a obra vier se conjugar a elas. O espaço e as coisas não são substituídos por representações, mas renovados e enriquecidos por entrelaçamentos que já se deixavam entrever como atributos concretos do espaço."

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