20080425

(an)arquitectura

RACHEL WHITEREAD


House, 1993-94
instalação em betão


RACHEL WHITEREAD
(1963, Londres, Reino Unido)

Em 1993, Rachel Whiteread encheu de betão uma casa isolada, situada no Victoria Park, no n.193 da Grove Road, na zona leste de Londres.
Posteriormente, o invólucro exterior foi retirado e o interior da casa ficou de pé, como forma maciça; através deste processo, todas as interrupções existentes nas paredes lisas do interior - janelas, portas, lareiras, painéis, rodapés, interruptores - se tornaram visíveis do exterior como marcas impressas.
A acção de Whiteread converteu o espaço intervencionado num espaço fechado, virou o interior para fora, fez do positivo negativo, tornou visível do exterior um espaço, que antes, só era penetrável pelo interior, tornou público um espaço privado. Uma série de inversões que, finalmente, transformou a habitação de uma família - despejada da sua casa para que a municipalidade a pudesse demolir - numa obra de arte impregnada dos traços do uso e da história desta casa.
Ao ser retirado a casa o seu valor de uso, esta torna-se numa grande escultura impenetrável, um monumento à "escala humana", apropriado para evidenciar recordações e fantasias, desejos e receios de uma população. No entanto, House não "falava" numa linguagem simbólica do significado histórico - publico e privado - da casa, antes transformava os seus pormenores numa primária "linguagem de objectos".
O simbolismo deste monumento assenta numa prática da impressão e não da tradução. O que ali esteve foi fielmente registado: a representação da casa é a ela idêntica sob a condição da inversão.

A interpretação da obra, das marcas da história e do uso, foi deixada ao público - um trabalho de decifração que se reflectiu no imenso eco mediático de que foi alvo a casa de Whiteread.

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