20080528

CAT POWER & The Dirty Delta Blues

28maio coliseu do porto



Em Lisboa foi assim:

"Como cresceu Cat Power – de figura de estimação da cena lo-fi / indie americana, a intérprete de luxo. A transição tem sido gradual e nunca definitiva (há sempre pegadas da Cat Power de ontem e de anteontem na Cat Power de hoje), mas discos como o mais recente The Jukebox , colecção de versões de gente como Bob Dylan, Joni Mitchell ou Hank Williams, põem à vista a excelência de Cat Power, a intérprete. "


"A espera tornava-se já dolorosa quando a figura de Cat Power – de calças justas pretas, sapatos (de sapateado?) brancos e rabo-de-cavalo bem altivo – se vislumbrou. Ou, para dizer a verdade, quando a sua voz esculpida em lava se fez ouvir. Só aí todo o Coliseu, esgotado em noite de chuva, se apercebeu que em palco havia uma mulher a tentar fazer um «moonwalk» muito personalizado."


"Os ânimos exaltaram-se com «Lord, Help The Poor and Needy», que o Coliseu decidiu acompanhar com uma saraivada de palmas, e com a fabulosa «Song For Bobby», o único original de Jukebox , escrito a pensar em Bob Dylan. Foi por esta altura que Cat Power, que distribuiu simpáticos «obrigadas» a torto e a direito, deixou escapar uma frase que dirá muito do seu estado de espírito actual. «Good enough – I’m OK, I’m lucky».


Mesmo a versão espectral de «Blue», de Joni Mitchell, com teclados distantes e guitarra subliminar, acabaria em «pranto», com Cat Power a repetir enfaticamente o nome da cantora canadiana e a retirar-se por breves segundos do palco.
Seguir-se-ia uma aplaudida passagem pelo álbum The Greatest, pela mão de «The Moon», «The Greatest» e «Lived In Bars», e a preparação de uma das despedidas mais longas de que há memória nos palcos portugueses.


O adeus começou com a apresentação da banda,
prosseguiu com uma jam, desembocou em momentos quase gospel e num tema em espanhol, e levou Cat Power a pedir que se acendessem as luzes para ver as «personas» que a aplaudiam. Aparentemente desnorteada mas sempre intensa, a autora de «Nude As The News» parecia alimentar-se da sua própria coragem e, a meio da versão de «I’ve Been Loving You Too Long (To Stop Now)», de Otis Redding, lançou-se numa investida pelo público, disparando aguerridos «I love yous» pela incendiada plateia.

Dizer adeus foi-lhe complicado: Cat Power parecia mesmo incapaz de virar costas ao público, retribuindo cada aplauso com uma pirueta, uma vénia repenicada, simulacros de sapateado, ainda mais vénias e c
ontinências. Ao final desses dez minutos que Cat Power demorou a largar a mão do público português, e ao final das quase duas horas de concerto, não ficámos mais perto de entender quem é Chan Marshall. Esquiva, imprevisível e fascinante, confirma porém tudo o que de bom se possa dizer sobre a sua raça – felina, e de mulher. "



ALINHAMENTO
Don't Explain

A Woman Left Lonely

Silver Stallion

New york

Lost Someone

Dreams
Lord Help the Poor and Needy
Dark End of the Street

She's Got You

Metal Heart

Making Believe

Hey Aretha
Ramblin' (Wo)man
Blue
Where Is My Love

The Moon
The Greatest
Lived in Bars
Life of the Party
Could We

Satisfaction

Black Angels (Angelitos Negros)

I've Been Loving You Too Long (To Stop Now)

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