20080411







Invadido pela República Popular da China em 1949, o Tibete tem vindo a sofrer a perda de vidas, liberdades e direitos humanos, num autêntico genocídio cultural e étnico.


Em Março de 1959, uma revolta contra a ocupação chinesa foi esmagada e Dalai Lama viu-se obrigado a deixar o seu país, encontrando exílio na vizinha Índia, onde chefia hoje o Governo Tibetano no exílio. Foi seguido por cerca de 80.000 tibetanos.


Como resultado da ocupação chinesa, morreram mais de um milhão de Tibetanos: um sexto da população.

Os Tibetanos são frequentemente presos e torturados de forma arbitrária devido à sua prática religiosa ou a qualquer espécie de demonstração/resistência contra a ocupação chinesa.

Toda a actividade política, qualquer iniciativa a favor dos Direitos Humanos, ainda que pacífica, é considerada como o mais grave dos crimes e é punida com penas que vão até à prisão perpétua ou mesmo a morte.

Os Tibetanos são desta forma condenados por possuir uma fotografia do Dalai Lama, segurar a bandeira nacional tibetana e gritar “Tibete Livre” em manifestações pacíficas, colar cartazes, traduzir para Tibetano e divulgar a Declaração Universal dos Direitos Humanos ou, simplesmente, falar da situação dos direitos humanos no Tibete com turistas ou jornalistas estrangeiros.

Mais de 6.000 mosteiros foram demolidos e 80% dos Tibetanos que vivem no Tibete são analfabetos. Devido à discriminação de que são alvo têm um reduzido acesso quer à educação, quer aos cuidados de saúde. (…)



Namaste (ou Bom Dia) Caros Amigos,

Acabei de chegar a Kathmandu no Nepal. Conseguimos sair há 7 dias de Lhasa, no Tibete (um autêntico cenário de guerra). Arranjámos um Land Cruiser e percorremos toda a Friendship Highway, cruzando os Himalaias e fazendo uma escala obrigatória no Everest Base Camp.

Foi uma das viagens mais espectaculares que já fiz, mas ao mesmo tempo uma das mais complicadas e tristes da minha vida. Fomos o último grupo de estrangeiros a conseguir sair de Lhasa sem sermos enviados de volta de avião e também os únicos a conseguir a licença (missão quase impossível) para entrar no Everest Base Camp.

A minha viagem ao Tibete deixou-me um sabor muito amargo na boca. Se por um lado realizei um sonho de infância, estar na base do Everest (ainda nao foi desta que fui lá cima), por outro, pude ver ao vivo com os meus próprios olhos o medo com que o Povo Tibetano vive e a brutalidade que o governo chinês usa para os controlar, silenciar e oprimir.

Para nós, além de violento psicologicamente, tornou-se mais complicado porque acabou por se saber que eu e a Clara fomos as duas únicas testemunhas do princípio de tudo (no mosteiro de Drepung, onde estávamos no dia 10 de Marco, por acaso). Ficámos imediatamente controlados pela polícia ao ponto de, a caminho para o Nepal, nos dizerem que estávamos presos no hotel. O nosso mail e telefone ficaram, também, imediatamente controlados e as nossas máquinas fotográficas bem inspeccionadas.

Vimos a maior violência policial que podem maginar, sobre pessoas desarmadas. Não vimos ninguém morrer, mas sabemos que muitos dos monges com quem estivemos durante todo o dia 10, morreram depois, nesse mesmo dia.

A situacão que se vive no Tibete é verdadeiramente séria e complicada e testemunhámos pessoalmente situacões muito graves e violentas. Durante estes últimos dias, na viagem de Lhasa-Everest-Kathmandu, fomos completamente controlados pelos polícias e militares chineses. No Tibete, como no resto da China toda a informacão é controlada e censurada. Por isso só agora pude enviar este mail.

Peço-vos um grande favor, divulguem o que se está a passar no Tibete a todos os vossos contactos.

A constante violacão dos direitos humanos pelas autoridades chinesas, a propaganda, e a manipulacão de toda a informacão, é algo de inacreditável para nós Portugueses do pós 25 de Abril.

Os Tibetanos, como um dos povos mais pacíficos, acolhedores e generosos que já conheci, merecem ser Livres e Felizes!!!

Volto a referir: por coincidência, estávamos no Mosteiro de Drepung, precisamente no local e hora a que tudo começou e assistimos pessoalmente à forma como os militares chineses trataram os monges que apenas queriam celebrar, pacífica e ordeiramente, o 10 de março - o mesmo dia em que no ano de 1959 os militares chineses assassinaram centenas de pessoas que se manifestavam pacificamente na praça principal de Lhasa pela falta de liberdade de expressão e violação contínua dos Direitos Humanos pelo governo chinês.

(…)

Grande Abraço e Beijos

Miguel Sacramento”



Depois dos distúrbios, Pequim enviou dezenas de milhares de soldados para conter manifestações no Tibete e em províncias vizinhas onde há população tibetana.

Activistas no exterior temem uma repressão generalizada.

A China proibiu jornalistas estrangeiros de viajarem por conta própria pelo Tibete e outras partes do oeste da China.

A imprensa estatal dá destaque à violência dos manifestantes, mas evita citar suas motivações.

O governo tibetano no exílio diz que mais de cem pessoas morreram na repressão governamental.


POR UM TIBETE LIVRE! CONTRA O GENOCÍDIO CULTURAL!

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